Toda cidade interiorana que se prese tem uma praça central e uma igreja católica ao lado, Santa Rita também não é diferente, embora tenha tido uma formação muito peculiar originária no Engenho Tibiri (1586), mas o centro da cidade foi sendo formado alguns séculos depois. Devido à presença do D. Pedro II por aqui (1859), esta praça chamou-se pelo nome do imperador até o ano de 1937, quando o Brasil passou pelo golpe de Estado de Getúlio.
O largo em que se formou próximo a Capela dedicada a Santa Rita de Cássia (1776) foi aos poucos, intencionalmente, se modificando tornou-se uma praça. Talvez, nenhuma praça tenha sido tão alterada quando esta, por este motivo ela se torna foco deste artigo.
A fotografia mais antiga que temos desta praça é de 1926 (acervo de Viégas Photos que a coloriu com técnica de pintura) período do governo municipal de Enéas Carvalho. Nela percebemos que havia um cruzeiro na frente na Igreja Matriz, este era feito de madeira, desconheço qualquer documento que trate da origem deste cruzeiro. A localidade onde era a praça D. Pedro II percebe-se que era alta no mesmo nível atual da Igreja Matriz, hoje santuário de Santa Rita de Cássia, esta localidade passou a ser rebaixada no governo de Diógenes Chianca, que iniciou a reforma da praça que parecia muito mais um largo, porém, só foi concluída com o primeiro prefeito eleito democraticamente em 1934, Flávio Maroja Filho, que assumiu no ano seguinte.
O conjunto arquitetônico executado pelo Dr. Flávio Maroja contava com três partes principais: o caramanchão, na parte central, um coreto simples, onde a população se protegia do sol e da chuva, com frente pra o antigo prédio Asa Branca, e um palco em formato de meia lua, onde discursavam políticos e faziam-se shows como o de Luiz Gonzaga.
Durante a década de 1930 não havia casas na parte superior, onde se encontra o Centro Paroquial atualmente, naquele espaço havia somente as Igreja Santa Rita de Cássia e a Igreja da Irmandade dos Pardos Nossa Senhora da Conceição (1851). A praça era toda cercada de balaustradas com alguns degraus que levaria à rua, o que demonstra que era mais alta do que o nível atual, com duas saídas nas laterais, uma próxima a Associação Universitária Santa-ritense e a outra próximo ao antigo Asa Branca.
O prefeito João Raposo Filho (1951-1955) ficou conhecido pelo seu cuidado urbanístico e principalmente pela arborização da cidade, é neste período que ele arboriza a Praça Getúlio Vargas, dando-lhe sua característica: a predominância da natureza. Segundo o cronista José de Arimateia a cidade de Santa Rita iniciou seu processo de arborização das ruas e praças muito antes do Prefeito João Raposo Filho, exatamente no governo do capitão Bernardo Alves de Carvalho, em 1901, o que pode ter acontecido, mas é no governo de João Raposo que o cuidado com o verde na Praça Getúlio Vargas se torna predominante.
Antônio Aurélio Teixeira foi eleito duas vezes prefeito, é no seu segundo mandato (1969-1973) que ele modificou a Praça Getúlio Vargas, encontrando a praça praticamente destruída após a administração de Heraldo da Costa Gadelha (1963-1969) Teixeira resolver reforma-la retirando o caramanchão do centro da praça com belas trepadeiras, onde antes eram realizadas festas natalinas, pois havia um círculo no chão. Colocando um piso que imitava o calçadão de Copa Cabana, comprados em Recife. Segundo o cronista Arimateia, o prefeito Teixeira levou a televisão para a praça para que os santa-ritenses acompanhassem a programação televisiva, pois havia uma dificuldade muito grande na época em adquirir este aparelho tão comum nos dias atuais.
Já na administração do vice-prefeito Aureliano da Trindade que substituiu Marcos Odilon em seu primeiro mandato em um curto período de tempo, do dia 13 de maio de 1982 a 31 de dezembro de 1982, deixou sua marca na praça central reformando-a, edificando a sorveteria que servia de abrigo para passageiros de ônibus, construiu sanitários públicos e modificou a iluminação para o tipo mercúrio.
Severino Maroja em seu segundo e terceiro governo (1996-2004) eliminou o que poderia da praça para o espaço servir para os shows da tradicional Festa da Padroeira. Aos poucos a praça foi sendo destruída pela própria população que assistiam aos eventos.
Durante o terceiro mandato do prefeito Marcos Odilon (2004) ele destrói as “ondas” pequenos boxes construídos no governo do seu vice (Aureliano) e a sorveteria para dá início a reforma da praça Getúlio Vargas que incialmente ganhou espaços verdes com gramas, mas logo substituídas por cerâmicas que predominavam as cores verde e vermelho, esta última utilizada por ele em suas campanhas, e seguiu em seu governo recuperando um total de mais de 20 praças com pedras e azulejos.
Atualmente, o prefeito Netinho deixa mais um elemento da Praça Getúlio Vargas, realizando um desejo do pároco colocando próximo ao santuário de Santa Rita de Cássia, uma imagem enorme da santa agostiniana.
A praça Getúlio Vargas é a vitrine do poder onde cada prefeito procura deixar sua marca e será lembrado pela história.
Siéllysson Francisco
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PESQUISA EM LIVROS:
SANTANA, José de Arimatéia Alves. Santa Rita e seus vultos folclóricos – volume I. João Pessoa: Sal da Terra, 2000.
__________________________. Santa Rita e seus vultos folclóricos – volume único. João Pessoa: Sal da Terra, 2006.
__________________________. Santa Rita em memórias. João Pessoa: Sal da Terra, 2010.
SANTANA, Martha Maria Falcão de. Nordeste, açúcar e poder. João Pessoa: CNPq/Universitária. 1990.
FILHO, João Ribeiro Filho. Santa Rita (Re) contada em fatos e fotos: do engenho à emancipação. João Pessoa: Sal da Terra, 2011.
SILVA, Siéllysson Francisco da. Santa Rita: a hernaça cristã do Real ao Cumbe. João Pessoa: Ideia, 2007.
ENTREVISTADOS:
Drª Martha Falcão
Prof. Francisco de Assis. Artigo produzido especialmente para o portal Santa Rita em Foco, sendo proibida sua reprodução sem os devidos créditos.