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Suspiros de Lealdade

O Periódico Opinioso do Castelo da Curva do Rio

Trazendo pensamentos, lembranças, informações, entrevistas, comentários, o passado, o presente, o futuro e a narração de casos verídicos, em sua maioria fantasiados, escritos em prosa e verso pelo Segrel Paraibano Igor Gregório

Data: Vinte de março de dois mil e vinte cinco

Título: Suspiros de Lealdade

Escrevi os versos abaixo ao escutar uma entrevista no Podcast Mano a Mano, do Mano Brown, em que o Doutor Dráuzio Varela, afirmava que, devido ao seu trabalho nas penitenciarias femininas, observava que a grande maioria das detentas eram abandonadas nas cadeias por seus companheiros, enquanto, nas penitenciarias masculinas, os detentos não eram abandonados por suas companheiras e que a grande maioria destes detentos, por causa do companheirismo e do amor oferecidos, conseguiam retornar a sociedade para seguir um caminho longe do crime. Por um lado, essa constatação me alegrou, por outro não, pois constatei que a tão falada Solidão Feminina é potencializada em um ambiente que por si já é tão inquisitório.

Numa noite de estrelas e rojões
de cachaça, sorrisos e abraços,
eu te vi todo lindo nos espaços
que havia entre nossos corações.
Na paquera perdemos as noções
e na festa junina nos beijamos.
Pouco tempo depois nós namoramos
e vivemos felizes vários dias.
Hoje lembro das nossas fantasias
com saudade de tudo que passamos!

O namoro mudou para o noivado
o noivado mudou pro casamento.
A pobreza ditava o seu lamento
e a rotina batia em todo lado.
Mas por ela lutamos um bocado
pra viver e seguir decentemente.
A paixão sustentava docemente
nossos dias de longa privação.
Hoje vejo que a nossa salvação
sempre foi o amor puro da gente.

Mas na porta do amor bateu a dor
e ouvimos a fome nos chamando.
Eu perdi meu emprego e sustentando
teu emprego foi nosso salvador.
Alguns meses depois veio o pavor:
teu emprego nos deixa ao relento.
É aí que no meio do tormento
tu roubaste ouvindo um pariceiro.
Hoje vejo que amar um prisioneiro
é deixar o orgulho pelo vento.


Na prisão solitário e perdido
tua falha e teu erro cobram caro.
Mas lutando e lhe dando meu amparo
o meu peito te acolhe comovido.
Todo mês nosso amor foi agredido
nas visitas que fiz aquele inferno.
Mas um dia acabou aquele inverno
e o verão nos brindou com a liberdade.
Hoje vejo que a luta de verdade
é manter um amor firme e fraterno!

Aprumado, eu vejo meu marido
retornar para vida julgadora.
A batalha prossegue duradoura
e por meses a gente tem sofrido!
Mas eu vejo um futuro prometido
no amor que eu tenho cultivado.
Por amor, tu não andas mais errado,
o teu passo carrega honestidade.
Hoje vejo que a minha lealdade
que salvou este amor tão maltratado!

Dedico este poema a todos os homens e mulheres que se mantém leais aos seus respectivos companheiros de jornada.

Igor Gregório
Igor Gregório
Nasceu na Parahyba. Escritor por vocação, já publicou vinte e um Folhetos de Cordéis, chegando a ser contemplado com premiações estaduais. Em 2023 publicou seu primeiro de livro de poemas: Alma-de-Gato no Voo da Alvorada. Além do trabalho impresso, tem uma produção ativa nas redes sociais, colunas e em saraus.